segunda-feira, 26 de julho de 2010

Resistência

Hesitar qualquer movimento. Respirar quase que forçadamente. Cabeça pede descanço. Mãos titubeiam. Olhos abrem e fecham devagar. Razão frustrada levanta bandeira branca.

Uma força de reviver, reexistir.

Como nos sentimos tão levados pela nossa condição de resistir àquilo que nos move para frente e tão dominados pela nossa não resistência àquilo que nos destrói...minando cada pedaço nosso como se tirasse um pedaço de pão bem aos poucos.

Parece que é árduo viver e que é fácil resignar-se.

Por que não afirmamos nosso domínio sobre nossas vontades e a nossa existência em cada particularidade nossa, e nos deixamos esmorecer como flor que abre mão todo dia de um pouco de vida?

Parece mais do que um simples "bem-me-quer". É um duelo desleal entre fincar raízes no chão e um furacão que nos arranca das nossas próprias promessas de viver mais um dia.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Chove chuva...

Chove sem parar! É impressionante como tem dias que a chuva dita como vai ser o seu intinerário: onde você vai parar o carro, onde você vai almoçar, que caminho você vai fazer de volta pra casa, e até mesmo, que sapato você vai usar.

Parece que fica tudo mais complicado e que as pessoas ficam mais intolerantes. Experimenta pedir passagem no trânsito em dia de chuva! As chances de sucesso são quase nulas, o que difere (quase que remotamente) nos dias ensolarados. E é claro que você vai esquecer o guarda-chuva no restaurante, no carro ou até mesmo no ônibus.

Ainda não consegui me decidir se prefiro chuva de verão, que desaba e acaba rapidamente, ou chava de inverno, fininha e que dura o dia inteiro! Acho que as duas tem as mesmas conseqüências no final: possíveis escorregadas, menos coisas realizadas no dia e a expressão mais falada : "ai que chuva!"

Mas não pensem que não levo em conta os benefícios que a chuva traz, ou ainda, as versões romantizadas da chuva: cenários de beijos ou encontros de casais, corridas em direção a pessoa amada, e muitos outros clichês bons que a gente não cansa de ver! Aposto que se não tivessem chuva no cenário, não seriam tão bons!

E confesso, que depois de tanto tempo sem chuva, a gente começa a sentir sua falta. Todas as doenças crônicas começam a clamar por sua volta, e ironicamente, parece que temos sede o tempo todo.

Enfim, por isso que acrescento um "por favor" antes de "Chove chuva, chove sem parar..."

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tensão

Confesso que eu muitas vezes confundo atenção com "a tensão". Atento-me a vários detalhes: o que eu tenho que fazer agora, o que terei que fazer depois, as pessoas com quem eu estou no momento, as pessoas que eu irei encontrar... mas confesso que isso cansa!

É um cansaço físico mesmo! A cabeça fica pesada, as costas doem, dependendo do dia a fome aparece, outra vezes some... sem contar a anulação das minhas percepções e sentidos mais primitivos: sempre acho que estou perdendo alguma coisa, matando tempo e sem a menor vontade ou força de mudar.

Mas e agora? Eu deveria virar a mesa e começar do zero, viver mesmo e tomar as rédeas sem a constante sensação de estar agarrada a um cavalo à galope, sem poder controlá-lo. Sem a recorrente angústia de não saber o que fazer.

De tanta atenção, muita coisa passa despercebida... até as respostas para tantas perguntas, ofuscadas por tantas tentativas de se atentar...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Má notícia

Ouvi uma vez que não existem boas ou más notícias...e sim, apenas notícias. Acredito que seja mais racional e lógico pensar desta forma, uma vez que a mesma notícia pode ser boa para uns, má para alguns, ou ainda, indiferente para outros. Sendo assim, na verdade ela é apenas uma notícia que é submetida a diversas lentes com interesses, personalidades e desejos diferentes.

Agora que já foi tirada a culpa de qualquer sofrimento por uma determinada notícia (já que ela é apenas uma notícia), parece que fica mais fácil aceitar uma má notícia...mas sinceramente...não fica.

Por mais que tenham notícias que sejam más para uns e boas para outros, tem notícias que não tem como vestir um outro figurino: são vistas pelos mesmos olhos, da mesma forma. Tem perdas que são isentas da prerrogativa "ganhos por outra parte": a destruição de uma obra de arte, uma briga entre duas pessoas, ou ainda a morte de um ente querido.

Como notícias tais podem simplesmente transformar o seu dia em melancolia, angústia sem cessar ou em impotência diante dos próximos dias. Eu mesma queria saber encarar uma má notícia. O que me deixa mais agoniada, é a constante vantagem que ela leva sobre todos: a onipotência e onipresença constantes. Aposto se ela tivesse um rosto, um corpo e uma voz seria mais fácil de consterná-la, expor o quê e o quanto ela fez.

Mas o pior é que se penso dessa forma, atribuo necessariamente uma culpa a um contexto, somente para aliviar a dor...como se a culpa fosse um emplasto e a má notícia fosse uma ferida! E o mais difícil é aceitar a nossa condição de impotentes e que na maioria das vezes, não há o que dizer, e muito menos o que culpar.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O primeiro dia

Início de mês: Salário finalmente chega, novas listas são feitas e novas promessas começam a ser cumpridas. São preciosidades episódicas que vão evaporando quando vai se aproximando o meio do mês, mas que mesmo assim, insistimos em por em prática. E quando além de um novo mês, inicia-se também um novo semestre? São todos essas preciosidades multiplicadas por seis! Mas é claro, somadas com a prerrogativa de que o ano está passando rápido e que o tempo carrasco, que insiste em marcar presença, sempre leva vantagem na hora de priorizarmos as nossas novas preciosidades.

Priorizar pressupõe que algumas delas são mais importantes do que outras. Seria recomeçar a academia pela quinta vez mais importante que finalmente acabar de ler um livro? Ou ainda, comer melhor seria mais importante ter mais "tempo para você mesmo"? Ouvi outro dia que não existe "falta de tempo", ou melhor, "não dar tempo", e sim determinar prioridades. O que quer dizer que, quando você quer dizer que você não teve tempo, na verdade, você deveria dizer que você priorizou uma atividade em detrimento de outra. Confesso que esse pensamento nos torma mais autônomos diante do já citado tempo carrasco, mas ao mesmo tempo, mais responsáveis pelas nossas escolhas.

Acho que vou colocar na minha lista de preciosidades: fazer melhor minhas escolhas...seja lá o que for "melhor"! Vou começar agora: neste momento, estou diante do mês de Julho: cidade aparentemente mais vazia, parece que tem algo de diferente nas pessoas e nos lugares, mas na verdade não muda muita coisa. Será que eu páro de escrever, ou será que continuo? Será que ligo para um amigo meu que não vejo a anos, ou será que não?

Acredito que as pessoas na verdade esperam esses momentos para revolucionar suas vidas. O tal carrasco tempo cronológico prega muitas peças nas nossas vidas, que fazem um dia ser um marco, quando na verdade, poderíamos estabelecer nossos próprios marcos. Mas confesso, que não posso deixar de aproveitar esse primeiro dia de um novo semestre e escolher... escrever... melhor ainda, perceber o quanto pode-se esperar de um novo início.